Tuesday, April 29, 2008

O Estado de São Paulo Embraer vende caça a Chile e Equador
Países confirmam encomenda de pelo menos 36 Super Tucanos
Roberto Godoy

Os governos do Chile e do Equador confirmaram a compra, para equipar as Forças Aéreas de ambos os países, do avião de ataque leve Super Tucano, produzido pela Embraer. O Chile fica com 12 unidades, com opção de um segundo lote igual, e o Equador com 24. Os dois fornecimentos significam negócios estimados em US$ 384 milhões. Ontem, a empresa confirmou que os termos dos contratos estão sendo discutidos.

A versão escolhida é semelhante à especificada pela Aeronáutica da Colômbia - que encomendou 25 aeronaves em 2005 e já recebeu quase todas -, de dois lugares, com pesada carga eletrônica, destinadas a missões de combate e treinamento.

Na seleção do Chile, o Super Tucano venceu concorrentes difíceis. Estavam em avaliação pelo menos cinco outros modelos: o suíço Pilatus PC-21, o americano Texan II, o argentino Pampa AT-63, o coreano T-50 e o italiano M346. A encomenda equatoriana pode ser maior que a anunciada. Segundo o presidente Rafael Correa, a intenção é de adquirir “ao menos 24 caças num primeiro momento”.

A Força Aérea Brasileira, a FAB, negociou com a Embraer um lote de 99 turboélices. Já foram entregues cerca de 50, rebatizados como A-29 (versão exclusiva de ataque) e AT-29, configuração de dois pilotos.

Na América Central, a Republica Dominicana e a Guatemala também selecionaram o avião brasileiro. O mercado para essa classe de aeronave é promissor: até 2010 serão definidos pedidos de até 350 aviões da classe do Super Tucano fora do eixo dos EUA e da Europa. Só o mercado asiático responderá por 200 unidades, representando US$ 1,1 bilhão.

O modelo exportado para o Chile e o Equador é inspirado no conjunto antiguerrilha especificado pela Colômbia e usado no ataque de 1º de março contra um acampamento clandestino das Farc no Equador.

Pequeno e ágil, o Super Tucano é uma engenhosa combinação de recursos tecnológicos de última geração com a engenharia de baixo custo dos turboélices.

Pode permanecer sete horas em missão de patrulha. Leva 1,5 tonelada de carga de ataque e duas armas fixas - canhões de 30 milímetros ou metralhadoras pesadas. Voa a 590 km/h.


O Estado de São Paulo Usina foi concebida em molde binacional para conter queixas

Um litígio territorial motivou a criação de Itaipu nos moldes de uma usina binacional. Relatório diplomático inédito, obtido pela Folha, detalha os bastidores da luta travada entre o governo de Brasil e Paraguai, e como se chegou à idéia da criação da hidrelétrica para evitar que a disputa fosse para arbítrio internacional.

A campanha paraguaia começou no final da década de 1950 e terminou 15 anos depois, com a assinatura do Tratado de Itaipu. Todo o embate diplomático foi catalogado pelo embaixador José Jobim em relatório de maio de 1964. Jobim foi encarregado de buscar solução para fazer Assunção desistir da queixa territorial, abrindo caminho para o projeto hidrelétrico do Brasil.

"Não podemos eludir o problema da reivindicação territorial do Paraguai. Teremos a lucrar se conseguirmos resolvê-lo o mais rapidamente possível", escreveu. Para ilustrar, Jobim lembrou a disputa dos Estados Unidos pelo Canal do Panamá.

Bate-boca
A primeira nota sobre o assunto foi enviada ao Itamaraty, em 20 de maio de 1958. Nela, o chanceler paraguaio Sapena Pastor rejeitava qualquer "projeto unilateral" de aproveitamento do rio Paraná.
Um novo protesto ocorreu em 12 de março de 1962. O governo brasileiro respondeu em 19 de setembro, defendendo a posse do salto das Sete Quedas. Em 14 de junho, a tréplica paraguaia. "O salto do Guairá não somente não está situado integralmente em território do Brasil, como o Paraguai tem direitos de soberania", disse Sapena Pastor.

Sete quedas
Na argumentação paraguaia, a linha de fronteira deveria seguir por um sub-ramal da Serra de Maracaju e terminar em frente ao Salto del Guairá (Salto Grande). Para os brasileiros, toda a Sete Quedas era do Brasil, cabendo aos paraguaios toda a parte seca. Levantamentos topográficos feitos pelas autoridades de Assunção indicavam um outro divisor fronteiriço. "Tivesse sido utilizado pelos demarcadores de 1872/74, faria com a que a linha divisória caísse em frente à extremidade sul da grande ilha existente no lago, o que daria incontestavelmente o condomínio ao Paraguai", ponderou Jobim.

O embaixador chegou a conclusão de que o país vizinho tinha direito sobre o "o potencial energético das águas comuns do rio Paraná". E sugeriu a solução. "O aproveitamento conjunto e em igualdade de condições, por parte do Brasil e do Paraguai, do potencial energético das águas comuns aos dois países, no trecho entre a foz do Iguaçu e o salto grande das Sete Quedas, farão desaparecer as cataratas, contribuindo para a solução do problema de limites." A idéia foi apropriada pelo ex-chanceler Mario Gibson Barbosa, que assinou o Tratado de Itaipu em 26 de abril de 1973. (CDS)

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